sábado, 26 de abril de 2014

O vencedor

Nos últimos tempos, tenho pensado bastante em aceitação.

Acho que vivi grande parte da minha vida tentando encaixar as pessoas e, muito provavelmente, as situações do dia a dia em um molde "ideal". Fulano não deveria ser assim, mas assado. O certo é isso, e não aquilo.

É claro que foi preciso, ao longo de anos e intensas lapadas na cabeça, que a sociedade traçasse algumas diretrizes para um bom convívio entre as pessoas. De modo que um morto de fome jamais terá absolvição por roupar um pacote de pão no mercadinho. O que, em papo de mesa de bar, daria umas boas horas de conversa, mas, quando analisado sob a perspectiva do "preto no banco", roubar é sempre roubar.

Trazendo para o microuniverso da minha vida, já meti muito os pés pelas mãos na tentativa de mudar algumas pessoas ou situações. Ou pior: achar que algum evento era de tal forma apenas para justificar um fim que estaria por vir e que seria a la história das princesas da Disney. Não é assim.

Há pessoas que são o que são, ponto final, nada de reticências ou dois pontos seguidos de um aposto explicativo.

Há gente egoísta, há gente machista, há gente com medo de gente e de ser gente, há gentes mil.

Não dá pra ficar sempre justificando uma surtada de um com um propósito totalmente nosso. É preciso aceitar.

Infelizmente, o conformismo ganhou um teor pejorativo ao longo do tempo. Conformar-se virou uma espécie de derrota nesse mundo nosso.

Eu não vejo dessa forma. Ao menos não mais.

Acho que saber reconhecer que algo é o que é pode evitar um gasto de energia tremendo sem necessidade. Vamos abdicar dos murros em ponta de faca?

As frustrações fazem parte da vida e estão aqui pra nos dizer que há muitas outras coisas para as quais podemos doar nossos esforços. Ou, ainda, estão aqui pra nos mostrar que, possivelmente, estamos no caminho errado, remando contra a maré.

O frustrado não é o perdedor. O frustrado é aquele que apenas tentou e chegou num fim: o fim que não deu certo segundo o seu ponto de vista.

É preciso girar o corpo 360 graus. Primeiro porque é possível. Segundo porque viver sob um único ponto de vista é burrice.

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