quinta-feira, 13 de março de 2014

Vestida com as roupas e as armas de Jorge

Vivemos num mundo cheio de pretextos para enlouquecer.

A bomba de frustrações e insatisfações é inflada um soprinho (ou mais) por dia, e cabe a nós instalar uma válvula de escape para que ela não se torne um balão grande e rígido crescendo dentro de nós e nos fazendo sair do chão ou, pior, explodir.

Tudo bem que vezenquando é bom fugir pra uma melhor, tirar a âncora que prende esse balão no chão e deixar-nos soerguer alto, nuvens afora. Dar um tempo do real é, por vezes, bacana. O danado é quando o balão estoura. Então é pedaço de gente e da gente por todos os lados. 

Não sei se é uma boa metáfora para todos. Mas foi essa que construí para entender toda vez que Isadora fala: "frendê, não adianta juntar todos os problemas e arrumar mais dificuldades para tudo" (não é exatamente assim, mas é) E ela está certa. Bora com calma, né? Step by step.

Dessa forma, tenho adotado várias válvulas de escape pra não me prender tanto nos problemas e juntar uma coisa na outra, numa linha imensa que tende ao infinito. É justo comigo e com os outros. 

Uma das válvulas e a mais importante delas é a amizade. 

Nesses dias de "o mundo é muito injusto comigo e que vítima eu sou", agradeço muito por ter os amigos que tenho e pelos caminhos trilhados em comunhão. São essas pessoas que escolhemos na cara dura da verdade que fazem cada dia meu valer a pena, e mais, faz eu esperar ansiosa o dia seguinte, para que novas trocas aconteçam.

Aprendi o mais clichê dos aprendizados: nenhum ser humano consegue ser só. Mas aprendi que o aposto explicativo que vem logo depois dessa afirmação tem que ser: "devemos estar cercados de poucos e bons". 

E é por isso que, nos momentos de maior dificuldade e nos de maior alegria, quero estar com meus irmãos escolhidos na Terra. Quero que eles sejam a âncora do meu balão no instante em que ele inflar e tentar se perder no meio dessa vastidão que chamamos de mundo. Eles nunca me falharam.

Assim, ando pela vida com a ajuda de bengalas de madeira de lei, sabe como é? 

Gostaria que todos soubessem.

Disfarces

A maturidade da palavra amor é pra poucos. O verbo então nem se fala. 

É preciso prudência nesse mundo cão.

É preciso muita calma na hora de agir, já que o sentir, muitas vezes, cai de maduro e a gente termina com um fruto podre no chão.

Essa vida é cheia de surpresas e amar tem que ser uma delas. A graça reside exatamente no tiro no peito que arromba o tórax em flor. 

Mas antes, bem antes, tome do sentimento com parcimônia, espera um pouco mais para alardear aos quatro ventos. A danada da paixão veste fantasia o ano inteiro e vem dizendo que é amor os 365 dias.

Se liga, fera.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Travessia

Para mim, o mar é a maior grandeza do mundo. Acho que deveria ser tornar uma unidade de medida das coisas infinitas. A gente podia dizer assim: o Universo mede 10 “elevado ao mar” (sim, o Universo é maior, mas aí já é desmesura demais). Saudade, amor e dor são coisas assim, demasiadas. Dentro da gente, esses oceanos inseparáveis, divididos por momentos, misturados aos poucos, às vezes se juntam violentamente, e não há força que segure. Quando todos eles vêm juntos, dor, saudade e amor, medem 10 “elevado ao mar”.