A bomba de frustrações e insatisfações é inflada um soprinho (ou mais) por dia, e cabe a nós instalar uma válvula de escape para que ela não se torne um balão grande e rígido crescendo dentro de nós e nos fazendo sair do chão ou, pior, explodir.
Tudo bem que vezenquando é bom fugir pra uma melhor, tirar a âncora que prende esse balão no chão e deixar-nos soerguer alto, nuvens afora. Dar um tempo do real é, por vezes, bacana. O danado é quando o balão estoura. Então é pedaço de gente e da gente por todos os lados.
Não sei se é uma boa metáfora para todos. Mas foi essa que construí para entender toda vez que Isadora fala: "frendê, não adianta juntar todos os problemas e arrumar mais dificuldades para tudo" (não é exatamente assim, mas é) E ela está certa. Bora com calma, né? Step by step.
Dessa forma, tenho adotado várias válvulas de escape pra não me prender tanto nos problemas e juntar uma coisa na outra, numa linha imensa que tende ao infinito. É justo comigo e com os outros.
Uma das válvulas e a mais importante delas é a amizade.
Nesses dias de "o mundo é muito injusto comigo e que vítima eu sou", agradeço muito por ter os amigos que tenho e pelos caminhos trilhados em comunhão. São essas pessoas que escolhemos na cara dura da verdade que fazem cada dia meu valer a pena, e mais, faz eu esperar ansiosa o dia seguinte, para que novas trocas aconteçam.
Aprendi o mais clichê dos aprendizados: nenhum ser humano consegue ser só. Mas aprendi que o aposto explicativo que vem logo depois dessa afirmação tem que ser: "devemos estar cercados de poucos e bons".
E é por isso que, nos momentos de maior dificuldade e nos de maior alegria, quero estar com meus irmãos escolhidos na Terra. Quero que eles sejam a âncora do meu balão no instante em que ele inflar e tentar se perder no meio dessa vastidão que chamamos de mundo. Eles nunca me falharam.
Assim, ando pela vida com a ajuda de bengalas de madeira de lei, sabe como é?
Gostaria que todos soubessem.